Em uma breve definição, Mediação de Conflitos é um método extrajudicial para solução de conflitos em diferentes cenários, no entanto, sua relevância vai muito além desse conceito inicial, na medida em que auxilia na preservação das relações – pessoais e contratuais. A Mediação tem sido cada vez mais notória como um valioso recurso de autoconhecimento, comunicação e negociação, facilitação do diálogo para resolução de situações controversas e tomadas de decisão. Cenas que envolvem desacordos de interesses trazem implícitas a necessidade de negociação e a desconstrução de impasses.
Para Tania Almeida, mestre em Mediação de Conflitos e autora do livro Caixa de Ferramentas em Mediação – aportes práticos e teóricos (Dash Editora), esse é um processo que possibilita aos envolvidos a coautoria de soluções na negociação, visando soluções de benefício mútuo. Possui, portanto, amplo campo de atuação em cenários que envolvam pessoas ou organizações, sendo desenhada a cada caso.
“A mediação é um convite, uma proposta para dar voz e vez àqueles que estão inseridos no contexto de desacordo. Todo o processo – início, curso e término – é guiado pela autonomia da vontade das partes. Pressupõe, portanto, a disponibilidade dos envolvidos para rever a posição em que se encontram”, ressalta.
Diálogos restabelecidos e outros benefícios
Na mediação, os limites da ética e do direito são priorizados. O foco é direcionado às relações do presente, revisitando o passado de maneira construtiva, com destaque às necessidades e possibilidades de cada um dos envolvidos durante o percurso.
“Para que uma pessoa reconheça que está numa relação, qualquer que seja, é porque em algum momento ela já funcionou. Outro desafio da mediação é restabelecer o diálogo entre as partes, para que dali surjam alternativas e um consenso por soluções possíveis. A proposta é promover um contexto colaborativo, em lugar de um adversarial”, aponta a mediadora Shirley Gômara, que atua como coordenadora do setor de saúde do MEDIARE.
Segundo Shirley, a formação como mediadora em 2016 pelo MEDIARE – após ter atuado por 30 anos como médica pneumologista e do trabalho – trouxe importantes transformações em sua vida. Não só pelo efeito positivo no autoconhecimento e no aprendizado da arte de dialogar, como por também ter adquirido ferramentas que facilitam suas relações pessoais e profissionais no dia a dia.
Hoje, Shirley atua como mediadora no contexto da saúde, auxiliando no mapeamento e na construção de processos que facilitem as relações entre as áreas de um hospital, por exemplo, e pessoas envolvidas. Também é voluntária do projeto social da Rede Postinho de Saúde, no qual usa ferramentas da mediação para atender mulheres moradoras do Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Quatro dicas práticas sugeridas por Shirley:
– Redirecione o centro de suas atenções de você mesmo para uma escuta ativa às necessidades do outro;
– Se um problema de comunicação existe é porque o diálogo é uma necessidade que não foi atendida;
– Fique atento para identificar o que não funciona mais, para ser mais produtivo;
– Só traga do passado aquilo que fará diferença no futuro.
Vale ressaltar que a mediação busca construir consenso com o outro, diferente de conciliação que realiza acordo baseado em argumentos jurídicos.
Como atuar como mediador de conflitos?
O mediador é um profissional com formação multidisciplinar e especialização em Mediação de Conflitos. Por seu caráter informal, não necessariamente atuará à frente de resoluções que envolvem processos judiciais. No entanto, os acordos construídos na Mediação devem ganhar linguagem jurídica e ser encaminhados para homologação. A profissão de mediador permite formação de origem em diversas áreas, podendo ser exercida por advogados, psicólogos, médicos, sociólogos, filósofos e, sobretudo, especialistas em comunicação e negociação. Saiba mais sobre os cursos MEDIARE aqui.
A mediação conquista o mundo empresarial
A mediação empresarial é um instrumento poderoso para resolução de conflitos no mundo corporativo. Com ela temos um controle maior sobre o processo e o resultado. A coautoria pelas partes envolvidas faz com que as soluções possam ser customizadas para diversos setores: desde gestores e líderes, profissionais de recursos humanos, empresas familiares, entre outros. Especialmente por apresentar múltiplas possibilidades, a mediação tem ganhando cada vez mais espaço no ambiente empresarial.
“Em outros países a mediação foi um movimento que fez a diferença. No Brasil, vivemos o ‘efeito Uber’, no qual a necessidade é grande e as oportunidades se tornam ainda mais claras. Escuta ativa e empática, capacidade de criar conexões e atrair a confiança são características do mediador, que contribuem para melhorar amplas deficiências no sistema”, resume Marcelo Perlman, mestre em Direito e especialista em mediação empresarial treinado pelo MEDIARE, pela Pepperdine University, e pelo N.Y. Bar, junto à Fordham University.
Entre suas principais habilidades, o mediador tem o diferencial de auxiliar em pautas subjetivas e objetivas. Previsto para ser célere, informal e sigiloso, atua visando a redução de custos financeiros, emocionais e de tempo. Seu objetivo é, em um curto período, promover um acordo colaborativo a partir de um contexto inicialmente adversarial. O mediador não decide nem sugere, mas promove um processo de reflexão das partes para que elas tenham a melhor compreensão do cenário e do conflito. Uma vez que há esse entendimento, torna-se viável a busca por soluções alternativas, que depois possam vir a ser transformar em ações cooperativas.
Se quiser conhecer mais sobre, veja o webinário do Instituto MEDIARE, no qual Tania Almeida recebe Marcelo Perlman para um bate-papo sobre Mediação Empresarial.
Agradecemos o interesse pelo tema e pela perspectiva de ampliarmos os bons consensos. Caso tenha dúvidas ou sugestões, escreva aqui que retornaremos assim que possível. Esse diálogo é muito importante para nós!
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